Colombiano fugiu para Alagoas após STF mandar extraditá-lo, diz PF

Gazetaweb

01/05/2023 20h16 - Atualizada em 01/05/2023 20h27

O colombiano Jaime Henrique Saade Cormane, preso nesta segunda-feira (1°) em Alagoas, veio para o estado após o Supremo Tribunal Federal decidir, em 18 de abril deste ano, pela sua extradição. Ele é acusado de assassinar Nancy Mestre, que foi estuprada e morta aos 18 anos, na Colômbia, em 1994.

Em 2020, um pedido de extradição do governo colombiano foi negado pelo STF. Houve um empate entre os ministros, resultado que favoreceu o réu.

Segundo o delegado federal Leonardo de Lima e Silva, com a nova decisão ele foi procurado no estado de Minas Gerais, no entanto não foi localizado. "A Polícia Federal identificou que ele se evadiu da cidade onde morava. Desde então foi iniciado um trabalho de investigação para apurar o seu deslocamento por todo território nacional, culminando com sua localização em Marechal Deodoro", disse a autoridade policial em entrevista à TV Gazeta.

Saade foi preso após um trabalho conjunto entre a Polícia Federal e o Núcleo de Inteligência da Polícia Militar de Minas Gerais. "Ele foi monitorado e a prisão ocorreu no momento em que ele, sozinho, se ausentava da pousada onde estava hospedado em Marechal Deodoro", completou o delegado.

A Polícia Federal comunicou a prisão ao STF e ao juízo federal de Alagoas para fins de audiência de custódia. Saade será transferido para Minas Gerais nesta terça-feira (02) para o sistema prisional mineiro e assim aguardará deliberação do STF para sua extradição.

DECISÃO DE EXTRADIÇÃO

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a extradição do colombiano Jaime Henrique Saade Cormane, preso em Belo Horizonte, 24 anos depois de ter sido condenado em seu país natal por ter estuprado e matado a namorada Nancy Mariana.

A decisão foi tomada em sessão presencial pela 2ª turma do STF . Em setembro de 2020, o pedido de extradição de Jaime havia sido julgado, porém, a votação acabou empatada . Nestes casos, quando há empate, a decisão é sempre a favor do réu e o pedido foi negado.

Na época, em carta aberta escrita ao STF, o pai da vítima, Martín Mestre, pedia que os juízes reconsiderassem sua decisão de negar a extradição de Jaime.

“No território brasileiro, capturou-se um assassino há um ano e pela decisão do Supremo do Brasil, Jaime Henrique Saade Cormane foi libertado. Peço ao máximo que estude a possibilidade de reconsiderar a decisão tomada e ordenar a captura de Saade Cormane para fins de extradição para a Colômbia, país onde cometeu o crime da minha filha Nancy Mariana Mestre Vargas”, disse Martín.

O caso voltou a ser julgado a pedido do pai da vítima, que entrou com ação rescisória.

Na conclusão do julgamento, o ministro Nunes Marques apresentou o voto de desempate, e o ministro Edson Fachin reajustou seu voto. O relator, ministro Gilmar Mendes, aceitou a solicitação apresentada pelo governo colombiano.

Jaime ainda responde na Justiça Federal por falsidade ideológica e falsidade de documento público, já que usava nome falso.

A morte de Nancy

Segundo o processo, em 1994, Nancy foi baleada, após ter sido violentada pelo então namorado, Jaime Saade. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu dias depois.

O julgamento só foi realizado dois anos depois. A defesa de Jaime chegou a dizer que Nancy se suicidou. Porém, a perícia descartou a alegação.